Era uma vez, uma menina. Morava em rua qualquer. Aparentemente não fazia nada. Estudava e brincava. Ficava muito tempo na sacada, na escada ou na janela e de lá sorria e ajudava, diariamente.
Se você passasse perto de onde ela morava de manhã, lá estava ela na janela, sorrindo.
Se você passasse a tarde, logo depois de ter ido a padaria, novamente ela estava lá, tinindo de sorrir.
Agora se você passasse pela noite e a rua estivesse escura, era só observar uma lanterna ao longe, que com certeza via seus dentes, e seu sorriso a iluminar o caminho.
As pessoas passavam por ela sempre mas, quase não a viam. Poucos cumprimentavam, outros nem isso pois estavam apressados para seus afazeres. E para ela, tudo bem, sempre estava tudo bem.
Os dias para a menina sempre eram cheios de surpresas alegres. Podia ser o Sol, a borboleta que sobrevoasse a redondeza, o bebê que aprendera recentemente a engatinhar. Ela lá da janela permanecia sempre a observar. Via os carros, as conversas, as brigas diversas, tudo, sem a menor pressa.
A menina do sorriso nos lábios tinha uma força também fora do esperado para seu tamanho.
Há quem conte que certa vez tirou um elefante do telhado. O gato da vizinha, gordo e pesado. Ela simplesmente subiu feito uma ginasta. E num passe de mágica lá estava ela lá embaixo afagando o bichano como se nada tivesse acontecido.
Mas teve um dia, em que ela não apareceu. Nem de manhã, nem a tarde, nem quando anoiteceu. Conta-se que nesse mesmo dia, tudo ficou estranho para todos. O dia foi longo, demorou a passar, seco e sem vida. Por que será?
No outro dia, a mesma coisa. E no outro, E no outro. E aos poucos a cidade foi se habituando a ficar cinzenta. E as pessoas ranzinzas. Até que de repente em uma manhã o tempo virou novamente.
O Sol que até então mantinha-se escondido, voltou.As plantas, reviveram. E as pessoas da rua, oras, agora sorriam e eram gentis. Assim, simplesmente. Da noite para o dia.
Foi então que a vizinha descobriu que naquela mesma manhã, a garotinha voltara para casa. Estava da sua janela quando a avistou na varanda, sorrindo. E lá permaneceu, a tarde e a noite.
Há quem diga que sua ausência foi por motivo de doença dela ou de algum parente . Pois fora viajar assim de repente. E a casa ficou trancada esse tempo todo. E agora, estava aberta de novo.
Mas a verdade é que ela só pediu passagem para levar a mensagem de vida a outra parte da cidade que andava bem bem desmilinguida, já estava quase, quase perdida e esquecida.
Hoje, todos sabem que ela é a menina vida! Pois por onde passa ou está tudo se torna presente e vivo, instantaneamente.
E você, o que leva e tras e passa adiante no seu dia?
Comentários
Postar um comentário