Joana foi se deitar como de costume às 22:00. A essa hora, a cidade Deserto já está quieta.
Mas essa noite, o tempo ficou confuso. Demorou a passar.
Não se sabe ao certo quando essa Aventura começou. O que sabemos, sabemos de ouvir falar e, é o que vou contar a vocês...
Joana sempre foi daquelas meninas que não tinha medo de nada. Vivia brincando com os meninos de tudo. Era pique bandeira, caça ao tesouro, pega pega no murinho. Brincadeiras durante o dia todo ou a noite. Suas roupas nunca ficavam limpas... E para ela, o importante e divertido era brincar, fosse aonde fosse. João, Heitor e Leiva eram seus melhores amigos. Até o dia em que desapareceram. Assim do nada.
No dia em que sumiram, andavam na calçada a caminho de casa. Os adultos não acreditaram quando a notícia se espalhou.
-Bons e levados Meninos todos da cidade assim, pensavam. Sim, Eles eram conhecidos na cidade inteira. Por seus feitos em cima da goiabeira, estilingues nas vidraças de casas abandonadas, ruídos noturnos só para acordar os cães. Meninos levados ok. Agora, desaparecidos. Isso já era demais! Conta se que seus pais, fizeram o boletim de ocorrência ao completar das 24 horas. Há quem diga na cidade que eles os aguardaram por anos, na esperança de suas voltas. Um dia eles se mudaram também, como tantos outros que moraram naquela cidade chamada Deserto. Mas, afinal o que aconteceu com esses garotos pensava Joana todos os dias.
Joana já convivia com o mistério do nome da cidade ser Deserto, agora mais esse! Conforme o tempo ia passando Joana se fixava na ideia de desvendar os desaparecimentos. A quantidade de casas vazias a cada dia era maior. Decidida a resolver, começou procurar pistas. E, foi ai que coisas estranhas começaram a acontecer. Joana foi a cozinha pegar um copo de água. Quando chegou perto dele, ele andou. Certa de que tinha um fio de nylon segurando o copo, ela nem ligou. De tarde resolveu tirar um cochilo desses de cinco minutos que viram trinta ou mais. Foi acordada por João. Ele lhe dera um abraço. Joana acreditava estar sonhando então continuou... Por onde andava João? Seus pais sentem saudades não vai ligar para eles não?
João olhou no fundo de seus olhos e disse firmemente, Joana, fuja daqui. Deserto é vazio e assim que ficará, Fuja, eles irão te pegar, não irão descansar! Preste atenção no que toca e bebe...
Toc toc toc, Joana acorda menina! A Lais tá la fora de chamando para brincar...
Brincar? Tenho 20 anos como posso querer brincar Mãe! Então, ela olhou para suas mãos magrinhas, fininhas e pequenininhas. Ela agora tinha sete anos de idade. Como será que isso foi acontecer?
Saiu desconfiada pela porta da frente. A decoração da sua casa estava diferente. Nada de coisas cibernéticas e tecnológicas. Televisão antiga, radio antigo, sofá antigo.... Como nos tempos da vovó!!!
Vovó, vovó! E de repente ela surgiu com suas ruguinhas e pão de queijo nas mãos. Quanta saudades vovó. E pensar que a Sra morreu quando eu completei 8 anos!
-Ai ai essa moçadinha, Não diga isso, neta querida que sua vovó tá aqui inteirinha!!!
Joana já não queria investigar mais nada. Foi logo aproveitando tudo,Sua avó, o lanche, a conversa no sofá que afunda. Então, a Lais entrou furiosa
-Joana, olha aqui, já não gosto de brincar com os meninos e você me deixa lá fora só com eles!!!
- Meninos? Que meninos?
-Ora Joana e por acaso você está brincando comigo é?? Lógico que os meninos são o João, o Heitor e o Leiva!!! Quem mais poderia ser? O fantasminha camarada??
-Pera ai, você disse João, Heitor e Leiva?? Iupiiiiiiiii, finalmente encontrei eles!!!
-Encontrou nada você fugiu deles né, é o que você quer dizer ficando aqui dentro de casa enquanto os tontos estão la fora...
E assim, aquela tarde foi incrível!!! Eles brincaram de tudo. Bola, corda, futebol, pipa. Mas logo que o Sol se pôs. Eles sumiram feito pó. Danados, vocês querem brincar de gato mia não é? Está bem, ai vou eu. E, para sua surpresa uma rajada de vento forte bateu na sua janela. Ela acordou do cochilo, Olhou para os lados, estava com sede e bebeu um pouco de água. Sentiu um calafrio, o copo se movera novamente e, nada de fio de nylon. Joana esfregou os olhos, Só pode ser um sonho dentro do sonho, pensou. Deitou e novamente adormeceu.
O frio e o vento, coberta remexida. Ao fundo o som, uma melodia que passava na televisão para a hora de sua avó dormir. Uhuuuuuuu, uma voz lhe chamou bem forte.
- Joanaaaa, só volta você vir para nós! Vem brincar. Tome um pouco de água e venha, vá. E como se alguém cortasse essa voz, ela ouviu...... Não Joana! Sou eu, me escute não tome não....
Joana reconhecera aquela voz. Acordou com muita sede. Foi até a geladeira e.... Leite, suco nada de água gelada. Ohhhhhhh mãeeeee acabou a água, to com sede. Pega água para mim?? O bebedouro é alto, não alcanço.
Use uma escada ué. Cada uma!!! Para pegar biscoito do alto a escada serve. Para matar a sede não!!!
Matar a sede, é mesmo! João me disse para não beber. Então, nunca mais vou beber mais dessa água. E incrivelmente após o almoço ela não comeu sobremesa. E por dias ficou sem comer doce. Brincava, brincava, suava e nada. Foi ficando fraca mas não se importava. Nem suco, nem de leite, nem de água. Após alguns dias, a ambulância chegou para levá-la. Deu entrada no Hospital com diagnóstico, desidratação profunda. Joana logo foi medicada e reidratada. Estava tão fraca, tão magrinha que quase não se mantinha acordada. Mas, em seus sonhos tudo tinha vida. Ela as vezes jovem com seus amiguinhos de infância, desvendando os mistérios.
De repente uma lembrança, já se passou um ano do desaparecimento dos meninos. Completarei 21 anos mas, isso não faz sentido! Se tinha sete anos ontem e hoje 20 o que aconteceu? Bateram na porta do quarto três jovens lindos. E o mistério, finalmente foi revelado...
João cumprimentou Joana com um largo sorriso nos lábios. Querida, nosso Pai fazia parte de um grupo secreto de investigação. A nossa transferência para a cidade Deserto tinha um propósito: saber para onde a água e as pessoas iam quando sumiam. Papai contava com nossa curiosidade diária, adorava quando brincávamos de espiões você se lembra? E, logo que descobrimos o poço fundo dos desejos fomos contar a ele. Ele foi até o poço conosco e quando chegamos lá ele disse para desejarmos ficar longe dele. Nós três fizemos o pedido ao mesmo tempo. Conclusão, num passe de mágica fomos parar mesmo no Deserto de verdade. Não sabíamos falar o Idioma. Ficamos perdidos por horas até o papai se lembrar que nosso sonho era morar no Deserto do Atacama. Dai ficou fácil nos reencontrar. Papai tinha conhecidos no mundo inteiro! Na volta para casa, contamos o que aconteceu. Papai sorria como uma criança, estava feliz porque parte do mistério estava desvendado. Agora o que fazer para parar o efeito desse feitiço de uma vez. Tentamos de tudo e cansados resolvemos tomar um copo de água. E não é ué funcionou? O tempo retrocedeu e voltamos ao início do dia. Percebemos que conforme a velocidade que engolíamos os goles os dias, meses e anos também se alteravam. Por isso que os moradores sumiam! Alguns não haviam nem se mudado para lá ainda! Papai começou a ficar bem preocupado porque isso já estava saindo do controle. null o dia todo com isso com você e a Laís. Nunca percebeu que nunca lhe faltou um copo de água na cabeceira? Óbvio que uma história dessa não seria assim super bem entendida e aceita pelo chefe do papai que até então suspeitava de sequestros em serie. Então, combinamos que para o bem de todos o poço seria fechado e nós desapareceríamos. Assim papai não permaneceria no cargo chefe de investigações. Depois de um tempo, eles nos reencontram na casa dos nossos padrinhos. Para nós o assunto já estava encerrado até recebermos o telefonema da Laís. Viemos assim que soubemos de sua hospitalização. Nos perdoe. Na correria da mudança esquecemos de lhe contar tudo. Sem saber disso, você tomou dessa água e desde então ficou nesse mundo paralelo com a sensação de que passaram anos e anos. Até que finalmente nos ouviu em um dos seus sonhos. Todos os moradores de Deserto continuam no mesmo lugar. Mas por algum motivo o poço foi reaberto e graças a você descobrimos a tempo de evitarmos uma grande confusão. O poço foi novamente lacrado. Só não encontramos o copo que estava contaminado por essa água. Aquele que sempre ficava na sua cabeceira. Você o viu Joana?
-Não, ele estava aqui agora mesmo, parece que saiu andando...
Há quem diga que até hoje ele nunca foi reencontrado e a Joana, anda bem por ai brincando para cima e para baixo com seus amigos!
E ai, alguém aceita um copo de água??
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